Experiências internacionais apontam caminhos para adoção de open health no Brasil, segundo IESS
A transformação no setor de saúde é uma necessidade urgente nos dias atuais. Em um mundo cada vez mais conectado, a troca eficiente de informações de saúde torna-se fundamental para a melhoria da assistência ao paciente. Nesse contexto, o modelo de open health surge como uma solução promissora para atender às demandas complexas e variadas do setor. O Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) traz à tona experiências internacionais que podem servir de guia para o Brasil. Países como Estônia, Finlândia, Reino Unido e Índia implementaram modelos de interoperabilidade que não apenas garantem segurança, mas também promovem a autonomia do paciente e a eficiência dos serviços de saúde.
Os modelos de open health são caracterizados por sistemas que permitem o compartilhamento seguro e eficiente de dados entre hospitais, clínicas, laboratórios e outros prestadores de serviços de saúde. O objetivo principal é promover uma experiência mais integrada e centrada no paciente, permitindo que ele tenha maior controle sobre suas informações de saúde. Dessa forma, ao olharmos para as experiências internacionais, podemos identificar caminhos e soluções que podem ser aplicadas na realidade brasileira, sempre levando em consideração as particularidades e os desafios do nosso sistema de saúde.
Interoperabilidade de dados de saúde: um conceito em evolução
O conceito de interoperabilidade refere-se à capacidade de diferentes sistemas e organizações em trabalhar juntos e compartilhar informações de maneira eficiente. No contexto da saúde, isso significa que dados de diferentes prestadores podem ser acessados e utilizados de forma integrada, promovendo uma visão holística do paciente. A interoperabilidade é um dos pilares dos modelos de open health e desempenha um papel crucial na redução de desperdícios, na melhoria da qualidade assistencial e na diminuição de erros no atendimento.
Muitos dos modelos de open health implementados internacionalmente têm como base tecnologia de ponta que garante a segurança das informações e a privacidade dos pacientes. Essas tecnologias incluem o uso de blockchain, APIs seguras e sistemas de autenticação que garantem que apenas pessoas autorizadas tenham acesso a dados sensíveis.
Por exemplo, na Estônia, o Sistema de Informação da Saúde Estoniana (EHIS) permite que pacientes controlem o acesso aos seus dados por meio de autenticação digital, assegurando que apenas profissionais autorizados possam acessar suas informações. Essa abordagem não só proporciona segurança, mas também empodera os pacientes a serem os protagonistas de suas próprias jornadas de saúde.
Desafios da adoção de open health no Brasil
Embora existam avanços significativos na integração de dados de saúde no Brasil, como a criação do Meu SUS Digital e da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), ainda há desafios a serem superados. É essencial que o Brasil faça uma reflexão profunda sobre suas características nacionais para adaptar e implementar modelos de open health de forma eficaz.
Um dos principais desafios diz respeito à segurança das informações. O país precisa garantir que os dados dos pacientes sejam protegidos contra vazamentos e acesso não autorizado, utilizando técnicas de anonimização e criptografia adequadas. Além disso, a padronização dos dados é fundamental para que todos os sistemas possam “conversar” entre si de forma eficiente.
Outro ponto crítico é a conscientização e adesão dos diversos stakeholders, incluindo profissionais de saúde, instituições e pacientes. É importante que todos entendam os benefícios que a interoperabilidade pode trazer, evitando resistência à mudança e garantindo um fluxo contínuo de informações.
Ademais, o Brasil enfrenta desigualdades significativas nas infraestruturas disponíveis, o que pode limitar a implementação de soluções de open health em regiões remotas ou carentes. Portanto, a inclusão digital e o acesso à tecnologia se tornam fatores determinantes para garantir que todas as populações tenham acesso a esses avanços.
Experiências internacionais apontam caminhos para adoção de open health no Brasil, segundo IESS
As experiências mencionadas pelo IESS fornecem um guia valioso. Um dos modelos mais interessante é o da Austrália, onde o Consumer Data Right (CDR) permite que pacientes tenham controle sobre seus próprios dados e possam transferi-los de um provedor a outro, promovendo não apenas a portabilidade, mas também a responsabilidade dos prestadores de serviços em relação à proteção das informações pessoais.
Na Finlândia, o Kanta Services oferece um sistema de dados de saúde que possibilita ao cidadão o acesso às suas informações e a capacidade de compartilhá-las de maneira segura. Esse exemplo ilustra como a transparência e a autonomia do paciente são fundamentais para um sistema de saúde mais eficiente e eficaz.
Por sua vez, o NHS Digital do Reino Unido disponibiliza dados públicos e APIs abertas que fomentam a inovação através do desenvolvimento de novas soluções e serviços que atendem às necessidades dos pacientes. Esse modelo poderia ser adotado no Brasil, estimulando a criação de aplicativos inovadores que melhorem a experiência do usuário e, ao mesmo tempo, facilitem o acesso aos serviços de saúde.
A Índia também serve como um exemplo relevante com sua National Digital Health Mission (NDHM), que tem como foco a criação de um ecossistema digital abrangente que inclui identificadores únicos de saúde e plataformas de consentimento para o compartilhamento de dados. Essa abordagem permite a interoperabilidade sem a centralização exacerbada das informações, o que é um aspecto positivo a ser considerado.
Esses exemplos oferecem insights valiosos e práticos sobre como podemos avançar no Brasil e transformar nosso sistema de saúde. É fundamental que as práticas adotadas sejam adaptadas às realidades locais, respeitando as particularidades culturais, sociais e econômicas do país.
Recomendações para a implementação de open health
O IESS delineou sete recomendações para a superação dos desafios relacionados à implementação de um modelo de open health no Brasil:
Formação de equipes multidisciplinares: É essencial reunir especialistas em privacidade, ética, infraestrutura de dados e saúde para garantir um suporte técnico e regulatório robusto. Essa abordagem deve ser abrangente, envolvendo instituições públicas e privadas, além de representantes da sociedade civil.
Auditorias externas: Realizar avaliações independentes dos riscos de reidentificação e conformidade legal é vital para assegurar a confiança no sistema. Esses processos garantem que as instituições cumpram normas e regulamentos, protegendo os dados dos pacientes.
Anonimização eficiente dos dados: A aplicação de técnicas como a K-anonymização pode reduzir riscos sem comprometer a utilidade dos registros, garantindo que os dados possam ser usados para pesquisa e inovação sem expor os pacientes.
Transparência: As instituições precisam ser claras sobre a finalidade do uso dos dados dos pacientes, explicando como essas informações serão utilizadas e os benefícios que trarão à saúde pública.
Princípios “FAIR”: A adesão a princípios que tornem os dados fáceis de encontrar, acessíveis, interoperáveis e reutilizáveis é essencial para que pesquisadores e profissionais possam utilizá-los em benefício dos pacientes.
Comprometimento institucional: É necessário que as instituições se comprometam a manter as bases de dados de forma sustentável, evitando desafios como falta de financiamento e suporte técnico.
- Processamento em ambientes seguros na nuvem: Utilizar tecnologias que permitam o monitoramento contínuo e minimizem os riscos de uso indevido é uma estratégia importante para garantir a segurança dos dados.
FAQ
Quais são os principais benefícios da interoperabilidade de dados de saúde?
A interoperabilidade garante uma melhor qualidade assistencial, reduz desperdícios com exames duplicados, aumenta a autonomia dos pacientes e estimula a eficiência operacional.
Como o Brasil já está avançando nessa área?
O Brasil já implementou iniciativas como o Meu SUS Digital e a Rede Nacional de Dados em Saúde, visando à melhoria da integração de informações.
Quais países servem de exemplo para o modelo de open health?
Estônia, Finlândia, Reino Unido e Índia têm implementações de sucesso que podem servir de inspiração para o Brasil.
Como garantir a segurança dos dados dos pacientes?
É crucial adotar técnicas de anonimização, utilizar criptografia e realizar auditorias externas para assegurar a proteção das informações.
O que é a K-anonymização?
A K-anonymização é uma abordagem que visa proteger a identidade dos indivíduos em conjuntos de dados, garantindo que as informações não possam ser reidentificadas.
Quais são os desafios enfrentados pelo Brasil na adoção de open health?
Os principais desafios incluem segurança da informação, padronização de dados, conscientização dos stakeholders e desigualdades nas infraestruturas disponíveis.
Conclusão
O futuro do sistema de saúde no Brasil pode ser transformado por meio da adoção de modelos de open health que já demonstraram sucesso em outros países. As experiências internacionais apontam caminhos sólidos que, ao serem adaptados à realidade brasileira, podem resultar em melhorias significativas. As recomendações do IESS para a implementação de um sistema de interoperabilidade eficaz são passos cruciais para garantir que o Brasil não só alcance os padrões internacionais, mas também se torne um exemplo a ser seguido por outros países. A implementação de um sistema de open health beneficiará não apenas instituições de saúde, mas, principalmente, os pacientes, que terão mais controle sobre suas informações e, assim, mais autonomia na gestão de sua saúde.

Editora do blog ‘Meu SUS Digital’ é apaixonada por saúde pública e tecnologia, dedicada a fornecer conteúdo relevante e informativo sobre como a digitalização está transformando o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.