Digitalização da saúde deve incluir, não segregar


A digitalização da saúde é um tema cada vez mais relevante em um mundo que se transforma rapidamente devido à tecnologia. A secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad, destacou a importância de garantir que o processo de digitalização do sistema de saúde público brasileiro inclua todos os cidadãos, sem reforçar desigualdades. Em um contexto onde a tecnologia pode tanto integrar quanto segregar, a busca pela inclusão é mais urgente do que nunca.

Digitalização da saúde deve incluir, não segregar”, diz Ana Estela Haddad | CGN

O Brasil enfrenta um desafio monumental ao tentar digitalizar um sistema de saúde que atende mais de 200 milhões de pessoas. A afirmação de Ana Estela Haddad de que “a ação de tornar a saúde pública no Brasil digital é justamente para que a tecnologia de fato chegue a todos” deve ser um mantra em cada passo dessa jornada. O objetivo é claro: evitar que a transformação digital se torne um fator de exclusão social.

A digitalização no Brasil, embora inovadora, precisa ter um foco no cidadão. O que isso significa na prática? Significa que as tecnologias devem ser acessíveis e úteis para todos, independentemente de classe social. Já observamos que o DataSUS, um dos pilares desse sistema, criou mais de 400 sistemas de informação distintos, cada um dedicado a uma ação específica dentro do complexo universo da saúde pública. Contudo, a simples criação de sistemas não é suficiente. É necessário um ecossistema de dados que funcione de maneira coesa, permitindo que informações importantes circulem e sejam acessíveis a quem realmente precisa.


Ana Estela mencionou a iniciativa do aplicativo Meu SUS Digital, uma ferramenta que busca trazer as informações de saúde diretamente para a palma da mão dos cidadãos. Este aplicativo não é apenas uma ferramenta digital; é uma porta de entrada para um sistema de saúde mais transparente e acessível. A interoperabilidade dos dados com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) é um passo importante que permitirá que os cidadãos tenham um controle maior sobre suas informações de saúde, um aspecto vital em um sistema que visa a humanização e a inclusão.

O papel da interoperabilidade na digitalização da saúde

Interoperabilidade é a capacidade de diferentes sistemas de informação se comunicarem e trocarem dados de forma eficaz. No contexto da saúde, essa comunicação é fundamental. Ter dados acessíveis sobre saúde pode ser a diferença entre uma vida salva e uma oportunidade perdida. Quando falamos de digitalização da saúde, não estamos apenas discutindo tecnologia; estamos abordando vidas humanas.

Um sistema de saúde digitalizado e interoperável ajuda a criar um registro médico contínuo e acessível, permitindo que os profissionais de saúde tenham acesso às informações necessárias em tempo real. Achados recentes mostram que a falta de comunicação entre sistemas pode levar a diagnósticos tardios e a tratamentos inadequados. Dessa forma, a interoperabilidade não é apenas uma inovação tecnológica, mas uma necessidade urgente em um mundo onde a saúde é muitas vezes complexa e multifacetada.

Desafios encontrados na digitalização da saúde no Brasil


Apesar do progresso, existem inúmeros desafios que devem ser superados. A inclusão digital é um dos maiores obstáculos. Muitas comunidades ainda não têm acesso à internet de qualidade, e isso limita a capacidade de usar ferramentas digitais de saúde. Além disso, falta de alfabetização digital pode ser um fardo, especialmente para pessoas idosas ou com menor nível educacional. Portanto, é crucial que a estratégia de digitalização não se concentre apenas na tecnologia, mas também na capacitação das populações mais vulneráveis.

Outro ponto importante é a segurança dos dados. Em um mundo onde as informações pessoais estão cada vez mais expostas, garantir a privacidade e a segurança dos dados de saúde é vital. A confiança do público no sistema digital pode ser comprometida se os pacientes tiverem medo de que suas informações não estejam seguras. Portanto, a construção de um sistema seguro e confiável deve ser uma prioridade máxima na implementação da digitalização.

O impacto social da digitalização da saúde

A digitalização da saúde pode ter um impacto social positivo que vai além da simples melhoria na prestação de serviços. Ao democratizar o acesso à informação e oferecer soluções personalizadas, é possível empoderar as pessoas a tomarem decisões mais informadas sobre sua saúde. Isso pode provocar uma mudança de mentalidade, na qual os cidadãos se tornam proativos em relação ao seu bem-estar, em vez de apenas receptores passivos de cuidados médicos.

Além disso, a melhoria da eficiência dos serviços de saúde pode levar à redução de custos, não apenas para o governo, mas, mais importante, para os cidadãos. Um sistema mais eficiente pode significar menos períodos de espera, diagnósticos mais rápidos e a capacidade de oferecer cuidados mais preventivos, o que pode resultar em menos internações hospitalares e tratamentos custosos.

A experiência do usuário na digitalização da saúde

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Um aspecto frequentemente esquecido é a experiência do usuário. O sucesso da digitalização dependerá, em grande parte, da aceitação e do uso de tecnologias digitais pelos cidadãos. Se o aplicativo Meu SUS Digital ou qualquer outro sistema não for intuitivo e fácil de usar, a proposta de inclusão estará comprometida. É fundamental que as plataformas sejam testadas e adaptadas com a ajuda dos usuários, para garantir que elas atendam às reais necessidades das pessoas.

Neste sentido, a criação de uma interface amigável e acessível é imprescindível. Deve-se incluir recursos que permitam que pessoas com diferentes habilidades tecnológicas possam utilizar o sistema sem dificuldades. Instruções claras, tutoriais e suporte técnico são essenciais para que a inclusão digital se torne uma realidade para todos.

Perspectivas futuras para a digitalização na saúde brasileira

O futuro da digitalização da saúde no Brasil parece promissor, mas o caminho a seguir está repleto de desafios a serem superados. Com políticas claras e um compromisso genuíno com a inclusão, é possível que o Brasil não apenas avance na tecnologia da saúde, mas também se torne um exemplo de como a transformação digital pode ser feita de maneira equitativa.

A verdadeira digitalização da saúde não deve ser apenas uma meta a ser alcançada, mas um processo contínuo de adaptação e melhoria. À medida que novas tecnologias surgem, devemos estar preparados para integrá-las de maneira que nunca se esqueça o foco nas pessoas. Afinal, no centro de qualquer sistema de saúde deve estar o bem-estar do cidadão.

FAQ

Quais são os principais objetivos da digitalização da saúde no Brasil?
Os principais objetivos incluem garantir a inclusão de todos os cidadãos, melhorar a eficiência do sistema de saúde e empoderar as pessoas com informações sobre sua saúde.

Como a interoperabilidade pode beneficiar o sistema de saúde?
A interoperabilidade permite que diferentes sistemas compartilhem informações, resultando em um atendimento mais integrado e eficiente, com acesso mais rápido a dados essenciais para diagnósticos e tratamentos.

Quais são os desafios para a inclusão digital na saúde?
Os principais desafios incluem a falta de acesso à internet, a necessidade de alfabetização digital em algumas populações e a preocupação com a privacidade e segurança dos dados.

Como garantir a segurança dos dados na digitalização da saúde?
É fundamental implementar protocolos rigorosos de segurança da informação, além de garantir a transparência no manuseio dos dados dos cidadãos.

Qual o papel do usuário na digitalização da saúde?
O usuário deve ser parte do processo de desenvolvimento de soluções digitais, garantindo que estas atendam às suas necessidades e sejam de fácil uso.

Qual é o futuro da digitalização da saúde no Brasil?
O futuro depende de um compromisso contínuo com a inclusão, inovação e a construção de um sistema que realmente coloque as necessidades do cidadão em primeiro lugar.

Em conclusão, o caminho para uma digitalização da saúde que inclui, e não segrega, requer esforços conjuntos e um foco constante na equidade. A afirmação de Ana Estela Haddad ressoa fortemente: a transformação digital deve ser, acima de tudo, uma oportunidade de trazer todos os cidadãos para o centro do sistema de saúde. É uma jornada necessária e promissora, que, se bem conduzida, pode mudar a face da saúde pública no Brasil para melhor.