O ataque cibernético ao Ministério da Saúde e ao ConecteSUS
O ataque cibernético teve início durante a madrugada de sexta-feira (10) e impactou diversos sistemas do Ministério da Saúde. Em comunicado oficial, o ministério informou que várias informações não estavam acessíveis desde cedo.
Um grupo de hackers reivindicou a autoria do ataque e afirmou ter copiado e apagado 50 terabytes de dados, exigindo um contato do governo para a devolução das informações. Pouco antes das 7h, a mensagem foi removida.
Os efeitos do ataque foram sentidos em diversos locais de vacinação, causando filas prolongadas e atrasos no atendimento. Em algumas cidades, como Goiânia, o registro das doses precisou ser feito manualmente, enquanto em Teresina e Salvador foram adotadas medidas alternativas de registro. Em Salvador, passageiros enfrentaram transtornos ao não conseguir embarcar em ônibus intermunicipais devido à impossibilidade de mostrar o comprovante de vacinação devido ao aplicativo fora do ar.
O especialista em segurança cibernética Rodrigo Fragola destacou que o ataque foi planejado por criminosos organizados, e não por indivíduos amadores.
A Polícia Federal, por sua vez, afirmou que as primeiras análises periciais indicaram que os bancos de dados do Ministério da Saúde não estavam criptografados, facilitando o acesso dos hackers.
Diante do ocorrido, o Ministério da Saúde optou por adiar por uma semana a implementação das novas regras para viajantes, incluindo a exigência de quarentena para indivíduos não vacinados. A decisão gerou controvérsias, uma vez que o sistema atingido pelos hackers envolve apenas informações dos cidadãos brasileiros, levantando questionamentos sobre a manutenção da exigência para estrangeiros que chegam ao Brasil.
Em entrevista, o secretário executivo do Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, explicou que a prorrogação se deu devido a um cenário epidemiológico favorável, e não por falta de vontade política em implementar as medidas.
A infectologista Raquel Stucchi da Unicamp criticou a postura do ministério, argumentando que o ataque cibernético não justifica o adiamento das medidas. Ela ressaltou a importância de políticas de backup e afirmou que as investigações estão em andamento.
Atualmente, os viajantes que chegam ao Brasil devem apresentar um teste PCR negativo realizado até 72 horas antes do embarque ou um teste de antígeno feito até 24 horas antes.
O Ministério da Saúde ainda não estabeleceu um prazo para a normalização do ConecteSUS. Enquanto isso, os brasileiros podem utilizar o cartão físico ou certificados estaduais e municipais para comprovar a vacinação.
Editora do blog ‘Meu SUS Digital’ é apaixonada por saúde pública e tecnologia, dedicada a fornecer conteúdo relevante e informativo sobre como a digitalização está transformando o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.